domingo, 19 de setembro de 2010

HISTÓRIA : O NAUFRÁGIO DO PRINCIPESSA MAFALDA


O PRINCIPESSA MAFALDA foi construído em 1908 pelo estaleiro Società Esercizio Bacini em Riva Trigoso, Itália. Tinha cerca de 148 metros de comprimento, 17 metros de boca, 10 metros de calado e um deslocamento de 12000 toneladas. Possuía 158 camarotes de primeira classe, 835 camarotes de segunda classe e 715 camarotes de terceira classe. Seu nome foi dado em homenagem a filha do Rei Vittorio Emanuele III, Mafalda di Savoia, nascida em 1902.

Sua viagem inaugural foi em 30 de Março de 1909, fazendo a linha Gênova - Buenos Aires. Pertencia ao Lloyd Italiano Società di Navigazione, tendo sido incorporado à Navigazione Generale Italiana em 1918. Em 1910 foi usado por Marconi para uma das primeiras transmissões de radiotelégrafo entre a Europa e a América do Sul, usando como antena uma grande pipa.

Em sua última viagem partiu de Gênova a 11 de Outubro de 1927 transportando mais de 1261 passageiros. Pouco depois de ter saído de Barcelona (Espanha) onde havia feito uma escala, teve problemas mecânicos e o comandante Simone Guli se viu obrigado a fazer uma escala em São Vicente, nas Ilhas Cabo Verde. Após ter sido reparado o navio continuou a viagem.

No dia 25 de Outubro de 1927 por volta das 17:20 horas, nas proximidades de Abrolhos/BA, o navio parou pois o eixo da hélice havia se partido. A água começou a inundar os compartimentos do navio e foi emitido pedido de socorro informando a posição do navio : 16 graus e 58 minutos S, 31 graus e 51 W. Os navios EMPIRE STAR, ROSSETI, FORMOSE, ALHENA, AVELONA, MOSELLA, SALEM, KING FREDERIC e PIAUHY partiram em seu socorro. Existem algumas versões sobre o procedimento tomado pelo comandante do PRINCIPESSA MAFALDA. O que existe em comum entre elas, é que ao ordenar o abandono do navio houve um grande tumulto entre os passageiros. Alguns botes salva-vidas estavam muito lotados e viraram. Passageiros desesperados se atiravam nos botes que estavam ao mar e também na água.

Por volta das 17:50 horas chega o navio ALHENA para ajudar no resgate e 10 minutos mais tarde chega o EMPIRE STAR. O resgate dos náufragos começa, mas para piorar a situação, alguns que permaneciam na água são atacados por tubarões. A situação à bordo do PRINCIPESSA MAFALDA vai se tornando crítica com os passageiros se aglomerando na proa, pois a popa esta praticamente submersa. Por volta das 21:00 horas chegam para ajudar no resgate os navios FORMOSE, MOSELLA e AVELONA.

O PRINCIPESSA MAFALDA afunda por volta das 21:45 horas. Instantes depois chegam os navios KING FREDERIC e ROSSETI para ajudarem no resgate. Morreram cerca de 9 tripulantes, entre eles o comandante Guli e 305 passageiros.

O naufrágio do PRINCIPESSA MAFALDA ainda não foi encontrado. Acredita-se que ele esteja na região entre Caravelas/BA e Abrolhos/BA. No local, estima-se uma profundidade de 1400 metros.

Algumas fontes ainda citam :

* O número de passageiros que o PRINCIPESSA MAFALDA transportava era mais de 1350.

* Em 1910 foram realizadas experiências de radiotelegrafia no navio onde de dia as transmissões alcançaram 4000 milhas e à noite 6735 milhas.

* A empresa proprietária do navio era Navigazione Generale Italiana Società Riunite Florio & Rubattino.

* O local onde parou para consertar as avarias era Dakar (África) e não nas Ilhas Cabo Verde.

* A posição passada para resgate era 16 graus 58 minutos S, 37 graus e 51 minutos W.

* Quando quebrou o eixo da hélice e o navio parou, o comandante e seus oficiais tranqüilizaram os passageiros, fazendo com que estes últimos voltassem às suas atividade normais. Somente quando o navio adernou é que foi dada a ordem de abandonar o navio.

* O nome do estaleiro que construiu o navio era Eserazio Barini.

Fontes de pesquisa :

* Site do Clarín Digital

* Revista SCUBA ano III número 24

* Texto de Zilan Costa e Silva divulgado na lista de discussão Mergulho Bahia

* Catálogo de naufrágios e afundamentos do autor José Goes de Araujo

Este artigo foi publicado pela primeira vez pelo autor, no antigo site MERGULHO BR em 2001.

Para você que gosta de histórias de naufrágios, deixo a sugestão deste livro: